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SOMOS TODOS PACIENTES!

SOMOS TODOS PACIENTES!

Por Silvana Coelho

Embora eu não seja da área de saúde, nos últimos anos os hospitais foram praticamente minha segunda casa, por conta de um familiar que adoeceu. Durante este período, minha admiração por estes profissionais só fez crescer e passei a nutrir um genuíno interesse nos bastidores dos serviços de saúde.

   Como coadjuvante muitas vezes fui surpreendida com atitudes heroicas praticadas desde o manobrista ao cirurgião renomado. Proporcionando um bem-estar considerável ao paciente.

   Diversas pesquisas provam que o atendimento humanizado, com foco nas reais necessidades do paciente, contribui de forma determinante para acelerar o seu processo de cura. Isso acontece devido à influência psicológica existente numa situação delicada.  

   Pacientes que são atendidos de maneira humanizada têm mais confiança na equipe e nos tratamentos, além de responderem melhor aos recursos clínicos, encurtando o período de internação.

   Mas como adequar tais necessidades ao momento?

   De um lado os profissionais imbuídos pelo propósito de salvar, arriscam-se bravamente. Do outro o paciente, amedrontado e triste pela impossibilidade de receber visitas de seus familiares por conta de um vírus que pouco se sabe a respeito.

   Pensando nisso, decidi procurar um profissional da saúde, aqui muito bem representado pela renomada psicóloga Jociane Coutinho, que há anos faz um trabalho diferenciado com pacientes e seus familiares.

   Em conversa, a psicóloga relatou que tão logo iniciou a necessidade de isolamento social, em meados de março, a equipe do Hospital Santa Teresa, rapidamente não só tomou as medidas protetivas, como também mudaram o olhar com estes pacientes de Unidade de Tratamento Intensivo. Já que os mesmos ficaram impossibilitados de receberem visitas.

   Para amenizar a angústia do isolamento, àqueles que se mantém lúcidos, é permitido o uso do celular (prática que até então não era adotada para pacientes de UTI). Para os demais, com maiores dificuldades, são os profissionais da saúde que fazem a ponte entre familiar e paciente através das chamadas de vídeo.

   No primeiro momento o familiar ia até o hospital no horário de visitas e o profissional da saúde fazia a ligação. Entretanto, com a necessidade cada vez maior de isolamento, a equipe hospitalar em consenso, propôs aos familiares que fizessem as ligações de suas residências.

   Mas como os familiares teriam notícias clínicas se até então não era permitido obter informações de pacientes por telefone?

   Foi quando outra adequação foi implementada e o familiar passou a receber os boletins médicos pelo próprio whatsapp. Além disso, todos os dias os pacientes são surpreendidos por mensagens carinhosas e otimistas em suas quentinhas, escritas pela equipe de nutrição.

   Num esforço coletivo, estes ajustes implementados (e tantos forem necessários) têm um único propósito: humanizar para salvar.

   Não é à toa, que os bastidores dos hospitais e a luta incessante pela vida, fizeram de mim uma escritora. Diante de tanto aprendizado e acolhida, desde que começou esta pandemia, não há um único dia que eu fique sem pensar e muito menos sem orar por estes heróis, que carinhosamente me reporto como “ANJOS ANÔNIMOS”. Afinal de contas, somos todos pacientes!

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